domingo, julho 04, 2004

Planície Dourada...



Alentejo não tem sombra
Senão a que vem do céu
Chega-te aqui meu amor
À aba do meu chapéu

A poesia mora aqui na ...viladeanteira...

ÁRVORES DO ALENTEJO

Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!

E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede;
Pedindo a Deus a minha gota de água!

Florbela Espanca - Sonetos, pág. 151, Livraria Bertrand, 1978.

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